um tanto pop, bastante kitsch e irresistivelmente demodé






o sistema mofou, mas ainda tenho minha garota e uma coca-cola

O escoamento de noites de insônias, inspirações relâmpagos e talentos frustrados.
Contos, crônicas e críticas serão, de quando em quando, jogados ao vento.
E esteja atento, pois é tempo de bananas.





segunda-feira, 30 de junho de 2008

Beijos proibidos, François Truffaut

Saudações a Antoine Doinel

Em fevereiro de 1968 , Truffaut filmou Beijos Proibidos, terceira aparição do incompreendido Antoine Doinel, personagem vivido por Jean-Pierre Léaud em Os incompreendidos (1958), Amor aos vinte anos (1962), Domicílio Conjugal (1970) e Amor em fuga (1978). Nesse mesmo fevereiro Henri Langlois foi destituído do seu cargo na Cinemateca Francesa. Daí em diante aconteceria em Paris a grande revolução da segunda metade do século XX: liderado por estudantes, o episódio de maio de 1968 acabou de completar quarenta anos e é o símbolo maior dos jovens daquela geração. Esperava-se então que François Truffaut, membro do Conselho de Administração da Cinemateca Francesa, materializasse essa inquietude revolucionária no filme que estava gravando - tendo em vista que o protagonista fazia parte de tal geração, ao menos de acordo com sua faixa etária. Mas Truffaut estava em busca daquilo que vai além do contemporâneo.

Em Beijos Proibidos vemos a saída de Doinel do serviço militar e sua carreira como detetive particular, condição que o faz viver aventuras dignas de serem filmadas por um cineasta da Nouvelle Vague. O filme encontra sua graça na poética melancolia da vida de Antoine, que parece estar sempre a procura de seu lugar – aí também reside a tristeza da história, já que um espírito errante como o do jovem jamais será compreendido. Assistimos a um filme de personagens, pois esses prevalecem às situações, aos fatos e ao enredo: entendemos a história através de sensações. Com isso, as interpretações ganham um peso ainda maior: certa vez Truffaut afirmou que Antoine era ele mesmo até o momento que o entregou a Jean-Pierre Léaud, com isso o personagem tomou vida própria . De fato, acreditamos no filme pois criamos uma certeza: Antoine Doinel existe.

Beijos Proibidos não é moderno: Truffaut parece desejar eternizar seu olhar. Sendo assim, ele faz uma obra embriagada de nostalgia, sobre uma juventude que sempre existirá mas que nunca será nova. Uma nostalgia melancólica, mas não triste. Como aquela música de Charles Trenet que dá início ao filme e pergunta, numa melodia suave, o que restará do nosso amor. Assim também faz Truffaut com Antoine Doinel - ele encara os olhos inquietos dos jovens de todas as épocas e pergunta, num suave longa-metragem : o que restará da nossa juventude?

Um comentário:

A. disse...

ai ai, esse filme é uma belezura e te ler escrevendo sobre ele é melhor ainda! teu blog tá o máximo, baby

beijo!